APÓS
35 ANOS DE SUA MORTE “MÁRIO EUGÊNIO PERMANECE VIVO”


Após 35 anos de sua morte, o
repórter policial da extinta Rádio Planalto AM 890 khz e do jornal Correio Braziliense,
Mário Eugênio (FOTOS), 31 anos, ainda “permanece vivo”, na memória da sociedade
de Brasília. Nessa segunda-feira, (11/11), aniversário do seu extermínio,
cruel, covarde, desumano, constatou-se que, o Gogó das Sete, muito amado por
umas pessoas e odiado fervorosamente por outras, ainda permanece guardado na
memória do povo. O seu nome continua gerando muita polemica, positiva, negativamente na sociedade do Planalto Central
e cada pessoa em sim tem, uma história particular envolvendo o Marão. O poeta de
Brasília e membro do movimento cultural de Taguatinga Tribo das Artes, Caetano
Bernades, 55 anos de idade, ele me deu uma entrevista, no último sábado, 09 de
novembro. O bate papo aconteceu, às 13h25minun, no Bar do Velho, o famoso “Bar
do Magal” situado, na CSD 06, lote 15 na Praça do antigo Cine Rex, na Vila
Matias em Taguatinga Sul.
No bate papo, Caetano Bernades
contou ser filho do seu Hildo Bernades de Farias, 83 anos hoje, alguns fatos da
sua história no qual, houve o envolvimento do repórter Mário Eugênio. “O meu
pai denunciou, o prefeito de Unaí, Sanclé Martinho Solto, por pagar, os
funcionários da prefeitura com cheques sem fundos”. O artista queixou-se que, o
seu pai contou o fato ao Gogó das Sete, ele triplicou, a história e o artista
me disse mais. “Por isso, o meu pai sofreu, ameaça de morte, dentro da Câmara
de Unaí”. O poeta me contou, o que aconteceu após esse episódio. “Heron, após a
entrevista que o meu pai deu ao senhor Mário Eugênio, ele triplicou
a verdade dos fatos e as ameaças contra ele foram cruciais”. Caetano Bernades
reprovou, a ideia de se construir, um memorial em homenagem ao comunicador, lá
no Setor de Rádio e TV Sul e explicou o porque. “Não é o caso. O Mário Eugênio,
não é uma pessoa de tanta expressão, para merecer, um memorial em Brasília.
Assim como eu, também não. Ele não tem expressão política e nem jornalística,
para isso. Ele sempre foi um cara, que sempre afrontou, as minorias, os
bandidos e não vou dizer, que não o fez, porque o fez. Mas ele morreu, não foi
pelas mãos dos bandidos”. Quando eu o lembrei que, os assassinos do Gogó das
Sete eram bandidos da polícia de Brasília, ele questionou e concluiu. “Mas a
polícia era, a banda que ele defendia. Não é? No entanto, ele
morreu pelas mãos da polícia? Não sei. Eu acho que é tudo, meio confuso, vamos
ver”.
A comerciante e empresária Maria de
Fátima Vieira, a “Fatinha” 59 anos, proprietária do bar Barsnok Vieira situado
na CSD 01 lote 12 em Taguatinga Sul contou, a sua história com o Gogó
das Sete e se emocionou. “Eu conheci o Mário Eugênio no Clube Primavera, ele
era uma pessoa linda, super inteligente e muito humano”. Fatinha relata, a
despedida com o Marão e se emociona. “A última vez, que eu vi o Mário foi, em
uma carona que eu peguei com ele indo, para o Clube Primavera. Nós ficamos conversando,
depois, ele disse: _“tchau Fatinha, depois a gente fala, beijo”. Maria de
Fátima aprova, a construção do monumento para o jornalista, acrescenta e conclui.
“Eu sou a favor de que, se faça, o memorial ao Mário Eugênio no Setor de Rádio
e TV Sul e que a partir daí, o local passe a se chamar: Setor de Rádio, TV Sul
e Memorial, Mário Eugênio, o Gogó das Sete”.
Um outro fã do Mário Eugênio, o bombeiro militar, Jean
Carlos Silva Mota,50 anos, manifestou-se e me contou, a sua história com o Gogó
das Sete. “Quando eu relembro o Mário Eugênio, me lembro de um profissional,
que combatia e reportava, os crimes na cidade. Na época, eu me lembro que era
muito assustador, pois tratava-se criminosos intocáveis”. Jean Carlos
continuou, o seu relato sobre o saudoso repórter policial. “Mário Eugênio era
muito popular, uma cultura viva e as pessoas que queriam ficarem por dentro do
que aconteciam no submundo do crime, elas tinham que sintonizarem no Gogó das
Sete da Rádio Planalto AM”. Jean Carlos disse, que as autoridades de Brasília
deveriam homenagear, o falecido comunicador de várias maneiras e acrescentou. “Ele
fazia parte de uma imprensa oprimida, que seja erguida, a sua estatua”.
O professor, escritor e morador da Ceilândia, Vicente Melo,
vulgo “Lourinho” viveu, uma história interessante com o Gogó das Sete e
compartilhou comigo. “Eu sai de casa ao amanhecer, para o meu primeiro dia de
trabalho arrumado, pelo meu tio Preguinho, locutor da Rádio Planalto AM. Para a
minha surpresa, ele me deu, um balde, uma bucha e sabão, para lavar os carros
dos funcionários da emissora no estacionamento”. Lourinho me contou, o perigo
que sofreu no local e o ato heroico de Mário Eugênio em salvá-lo. “O Mário
Eugênio apareceu, perguntou quem eu era e respondi emocionado, por conhece-lo
pessoalmente”. Vicente Melo relata que, o comunicador lhe pediu, para lavar o
seu carro, um Galax de placa 1313 e acrescenta. “Eu fui almoçar, com o dinheiro
que ele me pagou, mas era pouco, o Gogó das Sete reapareceu e foi a minha
salvação. Ele pagou, o meu almoço e me deu a passagem de ônibus”. Lourinho
continuou, a sua entrevista comigo, me dizendo. “Nunca mais o vi, antes da sua
morte trágica. Mas foi um “anjo” que me salvou da fome e da vergonha naquele
momento”. O educador e artista expos, a sua opinião ao um futuro busto do Marão,
que poderá ser erguido, lá no Setor de Rádio e TV Sul, próximo ao local onde, o
Gogó das Sete foi fuzilado covardemente e a sangue frio. “Quanto ao memorial é
aceitável, apesar da resistência de muitos, que ele irá sofrer”.
MEMÓRIA
Na época da sua morte, Mário Eugênio investigava em denunciava,
uma máfia dentro da polícia do Distrito Federal chamada de Esquadrão da Morte de
Brasília, ou “Esquadrão da Escopeta”. O crime organizado era chefiado, pelo
Secretário de Segurança Pública, o coronel do Exército Lauro Rieth e o delegado
e diretor geral da Polícia Civil, o delegado Ary Sardella. Entre os inúmeros crimes
cometidos, por essa corja e denunciados pelo Gogó das Sete estava, o extermínio
do chacareiro João de Paula Matos, ocorrido em 14 de abril de 1984 no município
de Três Vendas em Luziânia no Goiás, entorno de Brasília. O coronel e o
delegado foram excluídos do processo da morte do repórter e os outros
condenados, já cumpriam pena.