PF COMBATE ORGANIZAÇÃO QUE
PROMOVEU FIM DE SEMANA SANGRENTO
A Polícia
Federal (PF) (FOTO) realizou hoje, (20/11), a Operação “La Muralla” para
desarticular uma complexa organização criminosa transnacional que atuava
principalmente no tráfico internacional de drogas. A máfia tentava consolidar um estado paralelo
em Manaus (AM) na região norte do Brasil. Na ação coordenada, cerca de 400
policiais federais e 300 policiais do Batalhão de Choque da Polícia Militar e do
Grupo Fera da Polícia Civil do Estado do Amazonas cumprem 442 mandados
judiciais, sendo 127 mandados de prisão preventiva, 67 mandados de busca e
apreensão, 07 buscas em presídios estaduais, 68 medidas de seqüestro de bens,
além do bloqueio de ativos registrados em 173 CPF/CNPJ ligados a integrantes da
organização criminosa, todos determinados pela Justiça Federal no Amazonas.
Dentre
os presos, 17 serão transferidos para o Regime Disciplinar Diferenciado (RDD)
em penitenciárias federais. Por praticaram atos ilícitos no interesse da
organização criminosa, também serão presos sete advogados e um vereador da
cidade de Tonantins (AM). As ações transcorrem nas cidades de Manaus (AM),
Tonantins (AM), Tabatinga (AM), Crateús (CE), Caucária (CE), Fortaleza (CE),
Natal (RN), Boa Vista (RR) e Rio de Janeiro (RJ). Por meio de cooperação
internacional, pela Difusão Vermelha da Polícia Internacional (INTERPOL),
também serão efetuadas prisões no Peru, Colômbia, Venezuela e Bolívia.
A
investigação teve início em abril de 2014 com a apreensão de R$ 200 mil, em espécie,
pela Polícia Federal no Amazonas. Na ocasião, durante ação no Rio Solimões, uma
lancha de propriedade do grupo foi apreendida com o dinheiro ocultado no
interior de um aparelho de ar condicionado. Apurou-se que a carga tinha como
destino fornecedores de drogas que atuam na tríplice fronteira entre Brasil,
Colômbia e Peru. Durante as investigações, a Polícia Federal conseguiu revelar
como se estruturava uma facção criminosa que domina o sistema prisional do
Estado do Amazonas, que se organizava de forma similar às facções criminosas
que dominam os sistemas prisionais nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro.
Com
uma estrutura extremamente hierarquizada, a organização planejava controlar as
ações do grupo de dentro dos presídios do Amazonas, almejando o domínio
absoluto do sistema prisional e o monopólio do tráfico de drogas no
estado. A organização buscava executar
um verdadeiro sistema empresarial do crime, sempre com o objetivo de auferir
lucros. Estima-se que nos últimos anos a organização tenha sido capaz de
incorporar em suas “fileiras” milhares de pessoas, em um sistema de divisão
funcional de atividades, inclusive com núcleo jurídico próprio (advogados
integrados às atividades criminosas do grupo).
A
organização criminosa se utilizava de meios tecnológicos avançados para a
realização de “negócios” com outras organizações criminosas, nacionais e
internacionais, e ainda nos contatos com políticos e membros do poder público.
Pretendia até indicar e financiar a candidatura de alguns de seus integrantes
para a disputa de cargos políticos nas próximas eleições. Com extrema
violência, o grupo tentava consolidar um estado paralelo na Região Norte do
país, com leis próprias, definidas por meio de seu “estatuto”, no qual suas
lideranças ditavam sentenças diárias, muitas de dentro do sistema
penitenciário, onde foi instituído um verdadeiro “tribunal do crime”.
A
facção criminosa estipulava os crimes que poderiam ser praticados,
especialmente sobre quem deveria viver ou morrer. Os dados obtidos durante as
investigações permitem responsabilizar o grupo por dezenas das mortes violentas
ocorridas nos últimos meses em Manaus, incluindo alguns homicídios cometidos no
período que ficou nacionalmente conhecido como “Fim de Semana Sangrento”,
quando 38 pessoas foram assassinadas na capital amazonense em apenas três dias.
Somente nos últimos seis meses de investigação foram realizadas 11 grandes
apreensões de drogas pertencentes à organização, que resultaram em 27 prisões
em flagrante e na apreensão de aproximadamente 2,2 toneladas de drogas,
avaliadas em aproximadamente R$ 18 milhões. Houve, ainda, a apreensão de
dinheiro, veículos, embarcações e armas de fogo de grosso calibre, incluindo
submetralhadoras 9mm e granadas de mão.
Os
presos serão ouvidos na Superintendência da PF em Manaus e recolhidos em
presídios estaduais e federais. Todos responderão, na medida de suas
participações, pelos crimes de Tráfico Internacional de Drogas, Tráfico de
Armas, Lavagem de Dinheiro, Evasão de Divisas, Roubo, Corrupção, Homicídio, Seqüestro,
Tortura e outros crimes conexos. “La Muralla” (em português, "A
Muralha") era o nome do quartel general do Cartel de Cali, na Colômbia,
local em que as principais lideranças daquele grupo coordenavam suas ações
criminosas. A operação foi batizada com esse nome espanhol em função de
diversas coincidências na estrutura, objetivos e modo de operação com a facção
amazonense.
Houve
uma entrevista coletiva na sede da Superintendência da PF em Manaus às 16h
(horário de Brasília), 14h no horário local na Comunicação Social da Polícia
Federal no Amazonas. Mais informações pelos telefones: 92.36551548 / 92.988377637.
FONTE DAS INFORMAÇÕES: www.dpf.gov.br/
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