PRIMEIRO DIA DE SEMINÁRIO DE
DEBATE CICLO COMPLETO DE POLÍCIA
O
“Ciclo completo de Polícia” foi o tema do primeiro dia do seminário “A PCDF que
queremos e a sociedade almeja”, evento promovido pelo Sindicato dos Policiais
Civis do Distrito Federal (SINPOL/DF). A programação começou na última terça-feira,
03 e vai até quinta-feira, 05 de novembro, no auditório do ParlaMundi. As
inscrições são gratuitas e ainda estão abertas, podendo ser realizadas no
local. A professora Tânia Pinc (FOTO), pós-doutora em Ciência Política, foi
convidada a falar sobre o tema. Embora tenha apresentado um panorama das
polícias em países como Reino Unido, dos Estados Unidos, Argentina, Chile,
Guatemala, Honduras, El Salvador e Panamá, ela deu enfoque à desmilitarização e
à unificação.
Tânia
ressaltou, por exemplo, que embora alguns países latinos tenham superado esse
aspecto, no Brasil o debate em torno dele é forte. Não se considera, porém, que
a desmilitarização extingue a Polícia Militar para a criação de uma nova. “Essa
é uma decisão que tem um alto custo político e financeiro. Para onde irão os
policiais militares? ”, questiona. Segundo ela, a redemocratização era o
período mais propício para essa mudança. Hoje, defende a professora, “quanto
mais o tempo passa, mais difícil fica”.
Tânia
mencionou que esse debate em torno do ciclo completo com a desmilitarização,
foi levantado por atores políticos de toda das instituições. Segundo a professora,
essa é uma tentativa de “consertar o passado no presente”.
MODELO
“Dizem
que o modelo atual não funciona, mas não há uma proposta de modelo que
funcione. Quando se fala em mudança de modelo para consertar um erro do
passado, a gente corre um risco de criar uma organização que não pode ser
melhor que a atual”, avalia.
Fernando
Ferreira e Eduardo Pascoal foram convidados à mesa para provocar o debate com a
platéia. Para a professora, o objetivo de aumentar a eficiência e a qualidade
do serviço, proposto pelo ciclo completo, deve ser avaliado. “A
desmilitarização não faz diferença para a Polícia Civil, mas a Polícia Militar
não quer. No caso de uma unificação, as duas serao afetadas”, sugere. “Um grupo
quer uma coisa, o outro quer outra. Existe a possibilidade de uma janela se abrir
para que a mudança ocorra; para que se alcance a eficiência e a qualidade. Será
que não dá pra atingir esse nível com uma mudança interna? ”, acrescenta.
SOCIEDADE
O
diretor de Políticas Sindicais adjunto do SINPOL/DF, Alexandre Rocha, foi o
segundo palestrante escalado para falar sobre o tema. Ele criticou a postura
corporativista adotada por algumas forças policiais, o que prejudica o debate
em torno do ciclo completo. “Se não houver consenso entre as polícias, não vai
haver consenso no Legislativo”, afirma. “Há pontos diferentes no entendimento
do assunto. Na Polícia Civil, os cargos têm visões distintas. Não há
uniformidade na mesma intuição. Assim é na Polícia Militar. É um tema que
encontra arestas”, acrescenta.
SEMINÁRIO - PRIMEIRO DIA - Paulo Cabral (7)
Seminário
ocorre até quinta, 05 de novembro, no auditório do ParlaMundi; é possível se
inscrever no local. Alexandre destacou, contudo, que em pelo menos um ponto há
concordância: que o modelo atual tem problemas e é necessário buscar
alternativas. Mas isso, contudo, deve ser feito de maneira cautelosa. “Essas
alternativas são buscadas em outros países, ouras polícias. Isso vem para cá
sem adequação à nossa realidade, sem discutir as nossas limitações”, explica.
Para
ele, uma parte importante tem sido deixada de fora do debate. “A sociedade está
alijada, não tem idéia do que está acontecendo. O cidadão não sabe o que vai
mudar na sua vida, se ele vai ter um atendimento melhor. As polícias não têm
essa preocupação. Ficam na questão corporativista”, pontua.
DISCUSSÃO
Além
dos palestrantes, a mesa foi composta pelo diretor de Relações Sindicais
adjunto do SINPOL/DF, Fernando Ferreira, e pelo agente de polícia Eduardo
Pascoal, convidado pela diretoria a participar do debate.Fernando destacou a
falência do sistema de Segurança Pública como um aspecto preponderante para uma
reforma. “Só no ano passado o pais registrou 56 mil assassinatos. Isso dá uma
morte violenta a cada dez minutos, o que indica que esse sistema faliu”,
afirmou.
Já
Eduardo provocou a platéia ao questionar o que os policiais civis desejam com
uma possível mudança na estrutura das polícias. “Nós, enquanto categoria
interessada, precisamos definir se vamos priorizar a investigação nos crimes
complexos e nas atividades de inteligência, ou manter as atividades
burocráticas e do cartório, como é hoje”, ponderou. Depois do posicionamento de
ambos, a programação do dia foi encerrada com um debate entre a mesa e a platéia.
FONTE DAS INFORMAÇÕES: www.sinpoldf.com.br
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