SECRETARIA DE SEGURANÇA DIZ QUE NÃO VAI CONTROLAR AS POLÍCIAS CIVIL
E MILITAR
Visível
emocionada e sob olhares de parentes, Márcia de Alencar (FOTO) conversou com os
jornalistas logo depois de ser anunciada como a nova titular da Secretaria da
Segurança Pública e da Paz Social, na manhã dessa quarta-feira, (06/01), no
Palácio do Buriti. Logo na primeira entrevista, ela deixou claro que não vai
interferir nas corporações e que os conflitos de interesses existentes tanto na
Polícia Civil quanto na Polícia Militar deverão ser resolvidos internamente.
Aos
50 anos, a pernambucana de Timbaúba é a primeira mulher a ocupar o cargo de
maneira efetiva no Distrito Federal. Nas primeiras palavras como secretária,
falou sobre os desafios de assumir o órgão, a importância de integração das
forças e contou um pouco da trajetória acadêmica. “O perfil de qualquer gestor
que assuma essa pasta é ter o compromisso de garantir um diálogo permanente
entre as forças e a comunidade”, destacou.
Ao
Metrópoles, algumas horas de ser escolhida pelo governador Rodrigo Rollemberg,
Márcia garantiu que vai continuar respeitando a autonomia das instituições que
compõem a pasta, principalmente, as polícias Civil e Militar. Bacharel em
direito, Márcia é mestre em psicologia, com formação psicanalítica e em gestão
pública, e atua há 20 anos na área de justiça criminal e segurança pública.
Participou da estruturação do Programa Nacional de Segurança Pública com
Cidadania (Pronasci). Atuou como consultora do Ministério da Justiça e das
Nações Unidas em alternativas penais e prevenção e justiça criminal em
Moçambique. Em
Pernambuco, com o então governador Eduardo Campos (PSB), que morreu em um
acidente aéreo em 2014, a psicóloga trabalhou como secretária executiva de
Segurança do Cidadão de Jaboatão dos Guararapes, considerada uma das áreas mais
perigosas do estado.
INTEGRAÇÃO
No
governo de Campos, Márcia participou da implementação do programa Pacto Pela
Vida. A proposta é uma forma de integrar as forças de segurança e serviu de
inspiração para Rodrigo Rollemberg, que lançou o Viva Brasília. Mas o que foi
fundamental para ela desbancar o atual chefe da Polícia Civil, Eric Seba,
cotado para a vaga aberta desde novembro, e ficar com o cargo principal de uma
das pastas mais sensíveis deste governo, segundo ela, foi a capacidade de
articulação e diálogo, conforme ela própria ressalta.
Quando
a senhora recebeu o convite para ser secretária de Segurança?
“Nós
estamos num processo de transição que é público há dois meses desde a saída do
então secretário Arthur”.
Em
meio a nomes de consenso, como o do atual diretor da PCDF, Eric Seba, o governo
surpreende mais uma vez e nomeia uma psicóloga para o cargo. Por que ele
escolheu a senhora?
“O
grande motivo, na minha opinião, de o governador Rollemberg ter reconhecido o
nosso trabalho, se deve fundamentalmente à capacidade de articulação e diálogo,
que é a marca fundamental da gestão desse governo”.
Haverá
dificuldade para gerir corporações totalmente independentes, como é o caso das
polícias Civil e Militar, e que agora estão sob o guarda-chuva da primeira
mulher a ocupar o cargo de secretária de Segurança do Distrito Federal?
“Estamos
na secretaria há um ano, e já discutimos o assunto. Trabalhar com a Polícia
Civil, hoje, com os delegados regionais, com o novo comandante-geral, não será
de forma nenhuma uma novidade. Será uma forma de exercer a nossa capacidade de
trabalho, oferecendo recursos metodológicos, importando experiências que a
gente já acumulou para avançar naquilo que foi a determinação do governador a
todos nós.
O grande papel de quem assume a Segurança Pública como gestor é
fazer todas as articulações para poder integrar o trabalho das forças à
sociedade e aos outros órgãos do governo. É saudável e importante a autonomia
dessas instituições, e de forma nenhuma fere nem agride ou diminui o papel da
Secretaria de Segurança Pública nesse processo de articulação. Nós não vamos
controlar nenhuma instituição. As funções constitucionais das polícias Militar
e Civil são bastante distintas e complementares. Tomar conta desses conflitos e
interesses é com as duas corporações. O papel do secretário é fundamentalmente
garantir a coordenação institucional, envolvendo também a sociedade civil e as
intersetoriais do governo”.
Seu antecessor
(Arthur Trindade) pediu demissão após o governador manter no cargo o comandante
da Polícia Militar, coronel Florisvaldo Cesar, mesmo depois da ação desastrosa
da PM contra os professores no dia 28 de outubro. Qual cenário a senhora espera
encontrar na Secretaria de Segurança?
“Eu
faço parte da Secretaria de Segurança há um ano. Conheço o que a pasta está
vivendo”.
A
senhora ajudou a conceber o Plano de Segurança Pública em Pernambuco no governo
de Eduardo Campos. Pretende importar o modelo de lá para o DF?
“O
resultado do Pacto Pela Segurança em Pernambuco é um modelo reconhecido pelas
Nações Unidas. Agora, nós não podemos querer fazer uma transposição
metodológica do que feito em Pernambuco para Brasília. A natureza da
criminalidade em Brasília é completamente distinta. O Distrito Federal não só
faz segurança pública, mas faz segurança nacional.
Não podemos desenvolver as
mesmas estratégicas porque temos a necessidade de trabalhar principalmente a
prevenção com uma outra lógica porque, em todos os lugares do Brasil, o chefe
de estado tem que negociar com os prefeitos. Brasília é um ambiente em que o
chefe do Executivo local é simultaneamente responsável pelo controle de
Brasília enquanto cidade e pelas outras administrações. Tem que pensar as estratégias
para todas as regiões administrativas”.
FONTE DAS INFORMAÇÕES: www. sinpoldf.com.br/
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